EDUCAÇÃO E ARTE: SONHAR, CONSTRUIR, REALIZAR.

Sobre o ABA

Projeto premiado com a XI edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã do Instituto Arte na Escola/ Fundação IOCHPE como a melhor iniciativa em artes do ensino médio em 2010.
O Auto da Barca Amazônica é uma iniciativa em ensino de artes para alunos de escolas públicas.O espetáculo foi criado em 2007 pelos professores Jaqueline Cristina Sosi , artista da cena e Paulo Anete, carnavalesco.A iniciativa tem por objetivos trabalhar a linguagem cênica (teatro, dança circo e cenografia) que resulta na produção de um grande cortejo que sai pelas ruas da cidade de Abaetetuba,localizada na região do baixo Tocantins, estado do Pará
Fiquem à vontade e divulguem nosso trabalho.

Palavras chave:
educação; arte; cortejo;carnaval;circo;teatro;dança

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO ABA...COMO TUDO COMEÇOU.

Durante toda minha vivência como professora e artista sempre acreditei na transformação do ser humano pela arte por viver essa transformação na própria pele.
Nasci em um bairro pobre da periferia de Belém do Pará, meus pais eram vendedores de lanche e trabalhavam duro para conseguir manter a casa. Nós não tínhamos dinheiro e nem perspectiva nenhuma de melhora de condições de vida.
Comecei a estudar em uma escola pública perto de minha casa, nessa escola tive o impacto de ver que a realidade escolar não era bem o que eu imaginava, pois as condições eram bem precárias: superlotação,  falta de estrutura, ventiladores quebrados, enfim,todos os problemas que conhecemos muito bem até hoje.
As aulas de arte (na época era chamada de educação artística) eram enfadonhas, a professora era uma senhora já de bastante idade, meio mal humorada, entrava na sala, desenhava a clave de sol e mandava que a copiássemos no caderno várias vezes. Eu odiava essas aulas, achava aquilo tudo muito inútil e cansativo.
Um ano depois, descobri que existia um grupo de teatro em outra escola direcionada pela ordem de padres Salesianos próxima da que eu estudava,fui convidada para fazer um teste para entrar para o grupo, gostei da experiência e desde dessa época a arte nunca mais deixou de fazer parte da minha vida.
Completei meus estudos básicos, prestei vestibular para o curso de artes plásticas da Universidade Federal do Pará, continuei fazendo teatro e aliei essas duas formas de linguagem nas minhas aulas, o que deu muito certo.
Em 2007, passei em um concurso para ser professora da rede estadual de ensino do estado do Pará e fui lotada na cidade de Abaetetuba, localizada na região do baixo Tocantins e com um índice altíssimo de violência e consumo de drogas. Não conhecia quase ninguém na cidade e isso me deu um pouco de medo de ficar, mas deixei isso de lado e segui em frente.
Fui mandada para trabalhar no Colégio São Francisco Xavier, colégio este que é conveniado com a igreja católica e hoje é considerado a segunda melhor escola pública de todo o estado do Pará.Fui muito bem acolhida pela equipe de direção, professores e também pelos alunos, mas como toda escola pública vi também que não tinha estrutura para receber  as aulas de arte, as salas eram superlotadas e inadequadas, o horário era curto em fim todas essas problemáticas de escola pública.
Foi durante a minha chegada que conheci Paulo Anete, conversamos e ele me falou de uma proposta que a escola tinha sobre a festa de hallowen que acontecia todos os anos na quadra da escola, bom, eu não tenho nada contra o halowen, mas tendo em vista que a região Amazônica tem uma cultura riquíssima de lendas e costumes, pensamos juntos, porque não fazer do halowen uma festa da Matinta Perera (feiticeira da região Amazônica), e mais porque não fazer dessa festa um cortejo cultural para toda a comunidade de Abaetetuba.
Foi dessa forma que surgiu o primeiro Auto da Barca Amazônica em 2007,como uma iniciativa de promover a cultura local, valorizando e unindo os saberes populares  com o sistema de ensino e aprendizagem escolar.

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