EDUCAÇÃO E ARTE: SONHAR, CONSTRUIR, REALIZAR.

Sobre o ABA

Projeto premiado com a XI edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã do Instituto Arte na Escola/ Fundação IOCHPE como a melhor iniciativa em artes do ensino médio em 2010.
O Auto da Barca Amazônica é uma iniciativa em ensino de artes para alunos de escolas públicas.O espetáculo foi criado em 2007 pelos professores Jaqueline Cristina Sosi , artista da cena e Paulo Anete, carnavalesco.A iniciativa tem por objetivos trabalhar a linguagem cênica (teatro, dança circo e cenografia) que resulta na produção de um grande cortejo que sai pelas ruas da cidade de Abaetetuba,localizada na região do baixo Tocantins, estado do Pará
Fiquem à vontade e divulguem nosso trabalho.

Palavras chave:
educação; arte; cortejo;carnaval;circo;teatro;dança

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Lado Social





    Numa roda de conversas, Murilo Nascimento relatou uma experiência dele com alunos da 8ª série sobre alguns questionamentos sobre o espetáculo Auto da Barca Amazônica.Veja:

Murilo: ¨Joguei uma questão prática para um aluno para que ele refletisse. Perguntei: Uma certa noite, você está morrendo de sede e quer comprar um refrigerante no comércio da esquina.Você sai de casa e logo adiante avista dois jovens parados na rua agindo de modo suspeito.Você sairia de casa nesta situação? E o jovem respondeu: Não! Não sairia.
Na mesma situação, perguntei: e se você saísse de casa e avistasse cerca de mil jovens na rua, você ainda sairia? E ele respondeu: Sairia e me juntaria a eles porque é o Auto da Barca Amazônica.¨
   Que situação é essa que faz com que você tenha medo de dois jovens parados na esquina e não tenha medo de mil jovens caminhando pelas ruas da cidade? Que magia é essa que faz com que jovens de toda a cidade de Abaetetuba se unam em confraternização em prol de um objetivo?
   Durante quatro anos em que o espetáculo foi realizado não ouvimos falar em nenhum caso de violência durante o evento.Pessoas de cidades e comunidades vizinhas veêm prestigiar com seus aplausos.Nas janelas das casas por onde o ABA passa,ficam as estórias contadas de avós para netos sobre os seres mitológicos que pairavam acenando docemente para as crianças, é a tradição da oralidade renascida.
   Economicamente falando, o ABA tem uma importância para as pessoas que contribuem com seu trabalho:  A dona da malharia,ss costureiras, os coreógrafos, o pipoqueiro, o vendedor de picolés enfim, trabalhadores que contribuem conosco de forma direta ou indireta e que tem uma importância fundamental para o sucesso do trabalho.Fazendo os cálculos em números, vamos supor que a dona da malharia ganhou cerca de três mil reais com a venda de camisetas.Ela pode contratar mais um funcionário.O funcionário que foi contratado estava há 3 anos desempregado, com o salário ele pode manter a mulher e os filhos.
  A costureira (geralmente as costureiras são mulheres simples da comunidade) recebeu uma encomenda de 150 figurinos e ganhou cerca de mil reais.Com esse dinheiro ela pode comprar um remédio para o filho que estava doente.

  O coreógrafo com o dinheiro do cachê pôde fazer um curso de aperfeiçoamento em Belém.
  O vendedor de pipoca e picolé vendeu cerca de 50 pipocas e mais 70 picolés e ganhou uma média de duzentos reais naquela noite.No dia seguinte ele pode comprar café e pão para a família.
 Essas histórias não aparecem nos holofotes do ABA, talvez existam outras que nós nunca iremos saber, mas as histórias dessas pessoas simples, humildes tem uma importância, um valor inestimável, imaterial para quem realiza o projeto todos os anos, tanto é que fazemos questão de produzir tudo dentro da cidade com as pessoas que fazem parte dela.

    Então eu pergunto: Como se muda uma realidade? Talvez a resposta esteja em um grupo de jovens que se reunem todos os anos e se confraternizam dando as mãos em corrente,protejendo com todas as energias possíveis o seu objetivo comum., o ABA, mesmo que inconscientemente tem o papel de tornar melhores as pessoas que o constroem.

   Abaetetuba na linguagem indígena significa terra de homens valentes e ilustres. Curiosamente  nossa sigla é a mesma do prefixo da cidade.Aba significa ilustre.Acabamos nos tornando pessoas assim: meninos e meninas/ homens e mulheres valentes, guerreiros desta terra tão sofrida e tão ilustre.
                                                                                                                        Jaqueline Souza.




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