EDUCAÇÃO E ARTE: SONHAR, CONSTRUIR, REALIZAR.

Sobre o ABA

Projeto premiado com a XI edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã do Instituto Arte na Escola/ Fundação IOCHPE como a melhor iniciativa em artes do ensino médio em 2010.
O Auto da Barca Amazônica é uma iniciativa em ensino de artes para alunos de escolas públicas.O espetáculo foi criado em 2007 pelos professores Jaqueline Cristina Sosi , artista da cena e Paulo Anete, carnavalesco.A iniciativa tem por objetivos trabalhar a linguagem cênica (teatro, dança circo e cenografia) que resulta na produção de um grande cortejo que sai pelas ruas da cidade de Abaetetuba,localizada na região do baixo Tocantins, estado do Pará
Fiquem à vontade e divulguem nosso trabalho.

Palavras chave:
educação; arte; cortejo;carnaval;circo;teatro;dança

sábado, 25 de setembro de 2010

AUTO DA BARCA AMAZÔNICA EDIÇÃO ESPECIAL: O PÁSSARO, A COBRA E A FEITICEIRA


Em virtude da premiação do Instituto Arte na Escola, estaremos realizando uma edição especial do ABA que estará trazendo para o público este ano um histórico do que foi estes três anos de existência do projeto.O espetáculo acontecerá no dia 30/09 às 18:h com saída do Colégio São Francisco Xavier em cortejo pelas ruas de Abaetetuba.Teremos também a participação especial dos alunos do CRAS, do grupo folclórico da terceira idade, Ney Viola, entre outros.
Não percam este espetáculo é gratuito. 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

XI Prêmio Arte na Escola Cidadã

Excelente notícia: o Auto da Barca Amazônica foi premiado pelo Instituto Arte na Escola como um dos cinco melhores projetos de educação em artes do Brasil.Nós da equipe do ABA só temos a agradecer e compartilhar esse prêmio com todos aqueles que acreditaram no nosso trabalho e no sonho de desenvolver a educação através da arte.
Vai do fundo do coração o nosso muito obrigado!!!!!!!!!!!

veja a lista de premiados no site:
http://www.artenaescola.org.br/premio/resultado.php

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Onde acontece o ABA

O município de Abaetetuba, localizado na região do Baixo Tocantins, estado do Pará, Brasil, cujo nome Abaeté significa na língua Tupi:  homem valente,prudente e ilustre.
Conhecida como capital mundial dos brinquedos de miriti (palmeira encontrada nas áreas de vázea da região),possui uma arquitetura simples e é habitada por um povo alegre e hospitaleiro, apaixonado por sua terra.A  imensa riqueza cultural é  expressada no desenvolvimento de diversas manifestações artísticas como o artesanato, a dança, a música, o teatro etc. O folclore abaetetubense foi construído socialmente por meio de iniciativas populares no sentido de proporcionar divertimento as pessoas e envolve-las em práticas tradicionais de festas religiosas, folguedos, Cordão de Pássaros, Cordão de Bois, Quadrilhas entre outros. Contudo a influência da mídia, com “novas culturas” que valorizam manifestações de outras regiões, junto à falta de projetos para manter viva a memória popular de nossas manifestações culturais tem contribuído para o desaparecimento das tradições culturais.
Imagem do porto da cidade

 Outros fatores problemáticos são o alto índice de violência, a dependência química e o tráfico de drogas os quais atingem uma significativa parcela de nossos jovens e adolescentes que sem perspectivas, acabam por serem absorvidos pelos problemas que atingem Abaetetuba.
É nesse contexto social que realizamos o ABA todos os anos, tentando trazer para cidade sua própria identidade cultural quase adormecida, que jaz na memória de alguns poucos dos antigos habitantes.Nosso papel fundamental é fazer com que essas culturas sejam reconhecidas e perpetuadas pelos jovens moradores dessa cidade.

A CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO ABA...COMO TUDO COMEÇOU.

Durante toda minha vivência como professora e artista sempre acreditei na transformação do ser humano pela arte por viver essa transformação na própria pele.
Nasci em um bairro pobre da periferia de Belém do Pará, meus pais eram vendedores de lanche e trabalhavam duro para conseguir manter a casa. Nós não tínhamos dinheiro e nem perspectiva nenhuma de melhora de condições de vida.
Comecei a estudar em uma escola pública perto de minha casa, nessa escola tive o impacto de ver que a realidade escolar não era bem o que eu imaginava, pois as condições eram bem precárias: superlotação,  falta de estrutura, ventiladores quebrados, enfim,todos os problemas que conhecemos muito bem até hoje.
As aulas de arte (na época era chamada de educação artística) eram enfadonhas, a professora era uma senhora já de bastante idade, meio mal humorada, entrava na sala, desenhava a clave de sol e mandava que a copiássemos no caderno várias vezes. Eu odiava essas aulas, achava aquilo tudo muito inútil e cansativo.
Um ano depois, descobri que existia um grupo de teatro em outra escola direcionada pela ordem de padres Salesianos próxima da que eu estudava,fui convidada para fazer um teste para entrar para o grupo, gostei da experiência e desde dessa época a arte nunca mais deixou de fazer parte da minha vida.
Completei meus estudos básicos, prestei vestibular para o curso de artes plásticas da Universidade Federal do Pará, continuei fazendo teatro e aliei essas duas formas de linguagem nas minhas aulas, o que deu muito certo.
Em 2007, passei em um concurso para ser professora da rede estadual de ensino do estado do Pará e fui lotada na cidade de Abaetetuba, localizada na região do baixo Tocantins e com um índice altíssimo de violência e consumo de drogas. Não conhecia quase ninguém na cidade e isso me deu um pouco de medo de ficar, mas deixei isso de lado e segui em frente.
Fui mandada para trabalhar no Colégio São Francisco Xavier, colégio este que é conveniado com a igreja católica e hoje é considerado a segunda melhor escola pública de todo o estado do Pará.Fui muito bem acolhida pela equipe de direção, professores e também pelos alunos, mas como toda escola pública vi também que não tinha estrutura para receber  as aulas de arte, as salas eram superlotadas e inadequadas, o horário era curto em fim todas essas problemáticas de escola pública.
Foi durante a minha chegada que conheci Paulo Anete, conversamos e ele me falou de uma proposta que a escola tinha sobre a festa de hallowen que acontecia todos os anos na quadra da escola, bom, eu não tenho nada contra o halowen, mas tendo em vista que a região Amazônica tem uma cultura riquíssima de lendas e costumes, pensamos juntos, porque não fazer do halowen uma festa da Matinta Perera (feiticeira da região Amazônica), e mais porque não fazer dessa festa um cortejo cultural para toda a comunidade de Abaetetuba.
Foi dessa forma que surgiu o primeiro Auto da Barca Amazônica em 2007,como uma iniciativa de promover a cultura local, valorizando e unindo os saberes populares  com o sistema de ensino e aprendizagem escolar.

A Barca leva e traz

O nome Auto da Barca Amazônica foi pensado a princípio no significado das embarcações para as comunidades ribeirinhas, como diz a letra de um poeta paraense Rui Barata esse rio é minha rua, posso dizer que a rua das comunidades amazônicas são literalmente o rio. Sob o intermédio da embarcações é por onde passam os viajantes, por onde chegam as correspondências da capital, é pelo rio que chegam e vão os professores, é pelo rio na outra margem que fica a escola...
O rio traz, o rio leva, sob a mediação das embarcações que nos trazem notícias, que nos trazem o alimento, que nos trazem estórias e costumes, que nos trazem pessoas,que nos trazem o aprendizado cotidiano e como todo processo cíclico levam também multiplicando como em milagre o conhecimento.